segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

NEGROS NATURALISTAS NA OBRA DE DEBRET



'Nègres chasseurs rentrant en ville'  'Le retour des nègres d'un naturaliste'



É principalmente na roça que se criam os negros caçadores. Aí, preparados desde a adolescência para acompanharem as tropas ou simplesmente seus senhores. Andam sempre armados de um fuzil, tanto para sua segurança pessoal, como para conseguir víveres durante as paradas indispensáveis, no meio das florestas virgens.

Este gênero de vida torna-se então uma paixão tão forte para o negro da roça que ele já não aspira a liberdade, senão para entrar nas florestas como caçador profissional e entregar-se sem reservas à atração de uma tendência que beneficia ao mesmo tempo seus interesses.

Outros negros caçadores, dedicando-se mais especialmente às coleções de história natural, fazem estadas prolongadas durante meses nas florestas e voltam uma ou duas vezes por ano, trazendo coleções obtidas para os amadores de história natural que os esperam no Rio de Janeiro.

Para o mesmo fim, a administração do Museu Imperial de História Natural sustenta negros caçadores espalhados por diversos pontos do Brasil.

É fácil conhecer o negro naturalista tanto pelo seu modo de carregar uma serpente viva, como pelo enorme chapéu de palha eriçado de borboletas e insetos epetados em compridos alfinetes. Anda sempre armado de fuzil e com sua caixa de insetos a tira-colo…

Sabe-se também no Rio de Janeiro, pela intensificação das atividades dos negros naturalistas, da chegada de navios franceses, pois os oficiais destes são em geral grandes amadores de coleções de história natural.

Jean Baptiste Debret, 1839